sábado, 8 de novembro de 2014

Doll



I'm cursed. 
I'm not able to be happy and I will never be. 
I will keep on living, but I must change: 
I must act as I'm safe and no one will ever know the truth. I must keep my mouth dead.
As a doll.
I am powerless, I'm not even human, just shaped as one. A pathetic one.
I'm not able to love anymore.

I don't wanna fall from the shelf again.
I'm closing my eyes made of glass, I'm covering my ears with an old ribbon.
And no song must be played until I open them one more time.

I hope the silence remains forever.

sábado, 13 de setembro de 2014

Dedos de vidro



Enquanto o pesado ônibus balançava, numa fração de segundo, sua mão havia atravessado o vidro à sua frente. Não havia ninguém ao seu lado, a cadeira após a porta que ficava frente ao vidro de proteção fora sua única testemunha. O relâmpago contendo toda a emoção, contida, que carregava em seu cérebro havia sido lançado através de seu braço até desencadear o impacto de seus pequenos dedos, protegidos em forma de soco, na placa de vidro à sua frente. Em um instante não havia nada para sentir, apenas ver o balé sem sentido que os cacos formavam no ar antes de cair no chão.

Filetes de dor percorreram sua mão, e logo fitilhos cor de carmim desenhavam caminhos em sua pele, como rachaduras desesperadas em dar lugar à algo que estava crescendo sob o solo. Como fios de cabelo, singulares, gelados, dançando em sua superfície, um breve prazer tomou conta de tudo. Como uma pequena flor de carne, a mão abriu-se. Mesmo assim, nenhum grito. Fechou os olhos e pôde ver o ferimento por detrás de suas pálpebras, brilhando. As cores formavam uma sinfonia e sua alma estremeceu, comovida. De repente tudo havia se libertado mas, em outro segundo, o sangue passou a espirrar como uma fonte impura e fétida. Não havia beleza dentro de si, apenas o húmus de toda a imundície. Sua mão continuava a se transformar numa flor, cada vez mais aberta, florescendo, esperneando. Mas seus dedos lembravam galhos velhos, pendurados, impossibilitados de sentir qualquer coisa. E tanto que os havia protegido... agora já não podiam sentir, não podiam ser parte daquilo.

Então chorou. Chorou de pesar pelo esforço em proteger aqueles pequenos dedos que tanto ansiavam em sentir, em tatear algo inacreditável, mas apenas haviam servido de enfeites para a flor de carne, que agora começava a se desvanecer. Viu os fitilhos virarem sonhos, viu a flor morrer como um suspiro, na metade do tempo que levara para se libertar. Abriu bem o punho e viu as linhas de sua mão. Olhou para o vidro intacto à sua frente. O ônibus balançara mais uma vez e logo chegaria ao seu destino. Deslizou a ponta do indicador por ele, pensando, lembrando das rachaduras e da impureza que arrastava-se no subsolo de seu íntimo. Continuaria tudo aprisionado.

Chorou por dentro mais uma vez e saltou em seu ponto, o vento frio afagando suas bochechas em seu caminho para casa.

domingo, 10 de agosto de 2014

Fantasmas



Eu ouço as crianças me chamando para dançar na floresta.
Elas batem em minha porta e me descrevem as ranhuras das árvores.
Eu ouço seus risos, vejo suas pálpebras como mariposas dançando sob a luz.

A lua acaricia os cabelos que balançam no vento frio: o sussurrar aumenta.
O crepitar das folhas secas é como um tapete de boas vindas, 
e o cheiro de terra e musgo faz com que eu feche os olhos em regojizo.
Ainda posso vê-las, as crianças, enquanto acenam pra mim.
Mas não há ninguém lá.
Mesmo que eu sinta pequenos dedos acariciando meu rosto,
mesmo que eu aperte a mão que me puxa, num convite às sombras,
eu sei que não há ninguém lá.
Eu sei que esse beijo frio em minha testa não existe.
Eu sei que essas orbes brancas me encarando não vão me deixar partir.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Gotas


Sempre absorvi todos os golpes mais fortes.
Sempre me convenci de que revidar não valia a pena.
Sempre acreditei em me deixar levar até que as coisas ruins sumissem, como fazem todas as sensações que tenho. Como todos os sentimentos que crio, como todos os sonhos que desenho.
Todas as vezes que me descontrolei eu assumi as rédeas um pouco depois, com precisão, com força.
Mas eu queria revidar. Eu queria fazer algo de ruim para que parassem.
Eu queria usar as chances que eu tinha. Eu queria ter comprado a arma naquele dia, eu queria ter trancado ela e ateado fogo em seu corpo. Eu queria atirar no rosto daquelas pessoas. Eu queria ter quebrado as garrafas de vidro no ouvido de quem se aproximou demais. Eu queria ter rasgado, com meus dentes, enquanto meu rosto era forçado à coxa daquela pessoa que fedia à cigarro e bebida.
Mas eu sempre absorvi todos os golpes mais fortes.
Mas eu sempre me convenci que revidar não valia a pena.
Até que eu perdi o juízo e parei de funcionar.
Aos poucos, eu reabro os olhos.

Mas como o médico sabia que eu faria essas coisas?
Como o psiquiatra sabia?
Os anti-depressivos mudaram com o tempo,
mas por que esse remédio anti psicótico? Por que esse remédio
anti-surto?

Como eu posso libertar tudo isso?
O que eu faço?
Eu quero chorar, por que é engraçado?
Por que essa sensação é tão familiar?

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Lótus


A flor de lótus cresce na escuridão e na lama. Ela só floresce quando o seu haste espinhoso atravessa a superfície lodosa do lago em que vive, mas suas raízes permanecem no lugar onde se originou. A semente pode esperar mais de uma vida para germinar.
Não é triste? Mesmo que suas pétalas sorriam para aqueles que contemplam o lago e seja beijada pelos raios de sol todos os dias, no fundo, ela está sempre agarrada à escuridão. Ela morreria sem a ausência de luz em seu íntimo, morreria se abandonasse o lodo. A flor permanece imaculada embora sob as folhas estão seus espinhos. Ela simboliza a renovação, alguns dizem. Simboliza a vida eterna. Seus frutos, suas pétalas, somem no inverno mas não suas raízes. Ela estará lá enquanto puder.
Talvez como aquelas almas que florescem de tempos em tempos. 
E de uma delas eu ouvi a canção da flor de lótus que, por amores à lua e pelo sol, estrangulou-se. Suas pétalas ganharam uma cor mais vívida antes que ela apodrecesse. A cálida luz da lua e o implacável calor do sol apenas observaram aquela declaração silenciosa de amor. Seus frutos foram os mais saborosos daquela estação.

Ela não queria viver para sempre, queria sentir o máximo que pudesse até sua vida cessar. 
Quem diria que não morreu feliz?

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Obediência


Pra mim sempre foi fácil me submeter às diversas coisas. A visão que eu tinha de amor era a que eu deveria me entregar sem perguntas e isso me era sussurrado desde antes de eu perceber o que era aquela coisa branca entre as minhas pernas e o porquê de eu precisar tomar banho sempre que me deitava com aquele velho. Ele dizia que era amor, que ele me amava assim como eu demonstrava meu amor por ele. Cresci com essa idéia. 
Não, não me entenda errado. Eu não o condeno ou me sinto mal por isso. Eu era uma criança, não poderia entender. Hoje abomino casos como esse mas não sinto rancor algum pelo homem ou do que me aconteceu. Mais cedo ou mais tarde eu descobriria, eu não tinha pressa.
Eu tinha minhas próprias vontades. Todas as vezes eu precisava puxar os freios (ou eram puxados sozinhos, não tenho memória das primeiras vezes). Eu era mais fraca, aquilo não era apropriado, eu poderia... machucar alguém. Mas eu ainda queria sentir prazer. Achei na subserviência uma forma de me contentar e também de demonstrar meu afeto. Se eu amo então que tome meu corpo e me permita tocar o seu. Não havia nada errado naquilo, certo? Lógico que não, falamos de humanos aqui. Tudo é discutível e dependente de situações.
Nunca entendi a imagem que fizeram de mim e ainda me deparo com essa indagação. Talvez esperem de mim uma moça bruta, ou sem sentimentos, ou deveras amorosa e fogosa. De fato eu pertenço à categoria onde não há mais nem menos: eu fico no meio. Sou eu apenas, com alguns ideais distorcidos mas trilhando o caminho que me pareceu atraente.
Mas... e quanto à minha fome real? E quanto aos meus rugidos? Permaneceram enjaulados e acostumaram-se com isso. Das tantas vezes em que me deparei com um corpo disponível à receber minhas mordidas já o meu próprio corpo não me obedecia. Um branco em minha mente, um quê de "não faça isso" atava minhas mãos e meus olhos enquanto minhas pernas enfraqueciam para que eu fosse tomada como um animal no cio. E sempre o fui.
Decepcionei. Frustrei. Fiz ligações apenas sexuais mas vi que o contexto era imenso: todo o meu eu estava submisso e este era o último cadeado a ser quebrado. Continuo obediente à uma voz morta dentro da minha cabeça, uma que não deseja a minha satisfação ou me libertar, embora eu saiba que precise muito.
E não vou conseguir isso sozinha. 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ajoujo

Os cheiros são de sombras.
Ouço o crepitar de pensamentos se modificando.
Sinto a maciez do meu novo leito:
um punhado de plumas brancas com pedaços de algodão envelhecidos.
Cheiro de crisântemos e terra.
Tudo em mim existe.
Mas o meu instinto ainda está aprisionado. Ainda sou uma cadela domesticada.
Ainda estremeço. Ainda retrocedo em passos desconfiados.
Ainda vivo em um canil, mas em meu pescoço há algo novo
que reluz e parece não tocar minha pele. 
Parece feito da minha própria carne,
parece mais firme do que todas as outras.
Estou em paz, mesmo ainda aprisionada.
Mas não estou mais moribunda
e minha cauda não balança da mesma forma.
Talvez
eu morda.
Talvez
eu viva.
Talvez esta coleira
me leve ao meu destino.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Carta ao amado


À você dedico esta taça cheia de pedaços de sanidade, como pequenos cubos de açúcar e cristais de arsênico, mergulhados em um líquido carmim. Meus lábios, antes imóveis, agora sorriem. Essa cor é a mesma de meu rosto e essa vida a mesma de meus olhos.
O cheiro agridoce dessas pétalas foi trazido pelo vento, meu amor, de um jardim onde eu costumava viver. Onde minha doçura se desintegrou sob o som dos ossos de cada esperança que abandonei. Onde eu costumava caminhar e perder meus pensamentos, e foi onde os meus sonhos ficaram. 

Exceto você.

Você nasceu de um sonho que nunca concebi. Ora, e como poderia eu assassinar algo que sequer conhecia? Como poderia arfar sob o peso de mil lesões sem antes conhecer o alívio de quando seus lábios tocam os meus? E o sabor de tal brandura não poderia sequer brotar entre qualquer pólen do meu jardim! 
Por isso eu brindo, brindo e de um só gole bebo desta taça. E quando engolir a última gota, quando deixar de me embriagar, então você, meu amor, será mais uma pétala envelhecida entre as páginas daquela memória. Mas com certeza a mais bela de todas. A única real.

Você vive em mim.
E eu viverei sob o instante em que você existiu.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Reflexo


O som dos grilhões eram uma sinfonia de pequenas pétalas tocadas por seres invisíveis na mais absoluta escuridão. Eu me movia para saber que ainda estavam lá e que minha pele existia. Que minhas feridas iriam doer. Eu me movia apenas para que a dor da respiração me fizesse sorrir. Mas eu nunca vi a cor do ferro que me atava. Eu nunca vi o formato dos cacos que a melodia me fazia dançar em cima. Aquilo não chegava a ser loucura, era conforto.

Então um raio de luz, límpido, de um púrpura que quase desenhava pequenas alegrias na parede, fez com que eu percebesse: havia mais. Me acostumei àquela iluminação fantasmagórica e vi aquele reflexo. Era de uma pequena, ela parecia tão... inútil. Ela me observava através do véu daquela superfície, assustada. Logo me acusava, apontava minha feiura, minhas fraquezas, minha insignificância. Eu levantava meus finos braços num convite, mas a sinfonia das correntes tocavam e eu apenas via a pequena apontando seus dedos, fracamente, para mim mesma. Logo não era uma pequena, mas duas, três... muitas. O que queriam? Eu não estava sozinha ali? Por que me olhavam daquela forma?

Uma chuva começou, salgada, levemente fria. Afastei o cabelo do meu rosto e pude ver aqueles olhos, tão castanhos, como um filhote de fera perdido. Eu ri enquanto a chuva traçava linhas em meu rosto. As faces diante de mim permaneciam impassíveis, tão duras quanto a bola de ferro que me prendia àquele lugar.

Então... um gosto metálico, adocicado, tomou conta de mim. Ajoelhei nos cacos espalhados pelo chão de pedra e musgo enquanto meu corpo estremecia, febril. Ouvi risadas. Senti minha boca rasgar-se num sorriso escancarado, bestial. A chuva continuava caindo e agora mãos pousavam sobre minha cabeça e me afagavam. Eu as mordi enquanto as gargalhadas acompanhavam a melodia dos grilhões. O gosto metálico... se intensificou. Aquilo ainda não era loucura.

A luz se foi. Voltei a dançar. Mas não estava mais sozinha. Haviam novas feridas, de alguma forma.
Eu estava viva
Então eu sorria. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Putrefação


       No começo a sensação foi maturando dentro de mim, como uma criança. Um filhote quimérico que pouco lembrava uma cria humana. Jamais dei uma palavra.
            Talvez seu choro fosse de um timbre agudo, mas eu sentia seu pequeno focinho me beliscando. Os pequenos dentes, agulhas geladas como o inferno de um velho escritor, rangiam enquanto mastigavam as entranhas do meu espírito. Quantas vezes implorei para que me devorasse de uma vez? E ao mesmo tempo eu ansiava pela carícia, aquele focinho de veludo, macio como a superfície de um cogumelo, como que a me dizer "está tudo bem, somos só nós, a dor vai passar." Ia e voltava, como uma maré noturna onde apenas o barulho podia ser ouvido e o vento carregava pequenas gotas salgadas.
 Sim, eu me acostumara. E ainda era o período cromático, onde pequenas manchas surgiam em minha superfície. Eu estava morta, mas ainda havia vida em mim. Não dei uma palavra sobre isso.
        Eu não expunha aquilo. Oh não, e como um gás foi me preenchendo. Logo meu interior estava cheio de nada, de ar, eu era leve e por isso meu exterior começava a se modificar. Aquela criatura agora me afagava por dentro e já tendo mastigado minhas tripas partiu para os recônditos da minha mente. Talvez estivera sempre lá. Logo nada fazia sentido, não havia vontade. Como águas etéreas eu me vi afundando e sendo parte daquele ser: estava eu grávida de mim mesma e carregando apenas à mim? Eu era o monstro, e queria me parecer como tal. Mas como iria me parecer com meu interior sem deixá-lo para trás? Sem deixar de ser o que sempre fui?
        Então caíram os pedaços. Parte desintegrou naqueles tempos, mas esse era um processo contínuo. Eu jamais seria inteira novamente. Mas eu estava amolecida, e foi quando os vermes apareceram. Como me senti feliz! A fera em mim adormecera e só os vermes me faziam sentir vida! Como eu iria saber que me destruíam para que pudessem viver? Lembro-me da viscosidade de seus beijos, o asco hoje é absoluto, e eu estava em paz com cada pedaço meu que era devorado. Eu era um deles, aceita por eles! Ah...
    Os vermes se foram. Pouco restou além de ossos e meu espírito era agora um fantasma de desenhos animados: caricato, inútil, sem sentido. Eu sabia que aquilo iria se preservar para sempre. Mesmo assim, não chorei uma colher sequer.
     Guardei o esqueleto daquela alma que fora minha um dia. Hoje caminho como a quimera que maturei dentro de mim. Criada da minha carne e regada em minha decomposição. Sou eu, sou ela. Transbordada. Criada no sal e na ferida.
         Putrefada antes mesmo de cessar a respiração. Pronta para o que está por vir.
         Em paz comigo mesma, com a boca cerrada e de olhos bem abertos.
    
    

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Maternidade



Sinto muito, mãe.
Ninguém deveria enterrar um filho. Muito menos assistir à sua cria definhar dessa forma.

Eu vejo a preocupação em seus olhos, eu sei que você quer ajudar. Eu quero que você me ajude, quero que me salve, me abrace, me proteja. Eu sei que você o faria. 

Mas não tem como, não é?
Por mais que você tente, não há como. Você me trouxe pra debaixo de seus cuidados novamente e... o que aconteceu? Não me ergui. Não... eu só fiquei no chão, me debatendo.

Dormindo.

Sinto muito, mãe. Não queria desapontá-la. Sei que fui uma criança promissora. Sei que fui incrível, você me criou bem. Me aventurei até além de suas lições. Fui uma boa criança. Mas não consegui ser mais do que isso.

Veja bem, mãe, outros me chamaram de mãe porque cuidei de alguns. Sim mãe, eu fiz uma familia também, mesmo que não de verdade. Mas eu ainda estava sozinha, mãe. Eu estava sozinha. E não sabia mais como chorar pra que alguém viesse me encontrar.

Agora eu não consigo mais chorar, mãe. Eu estou perdida. Eu sinto dor, mãe.
Mas eu não consigo mais chorar.

E eu não consigo mais me sentir segura em seus braços, mãe.

Você vai me abraçar quando eu morrer?

Caixa de música



Muito tempo se passou. E ao mesmo tempo nenhum tempo foi embora.

Já não choro mais. Nem tenho medo dos fantasmas, dos vultos que dançavam à minha volta, me assombrando. Não tenho medo.
Nem expectativas.

Uma sequência de falhas me trouxeram aqui. Eu tentei. Seriamente, eu tentei. Todas as vezes que eu parei de dançar então as engrenagens giraram e eu pude voltar. Hoje eu não ouço mais o mecanismo, eu não quero ouvir.

Tudo que eu faço é assistir as coisas girando, e vou sorrindo, ficando mais devagar, caindo aos pedaços. Mas eu nem tento mais. Nem me esforço mais pra ser, sentir, manter. E aos poucos tudo vai terminando de ruir. A música aos poucos vai ficando fraca de novo. Inaudível.

Não tem como dar mais corda. Alguém jogue essa caixinha no lixo.

Ela não quer mais funcionar.