Sempre absorvi todos os golpes mais fortes.
Sempre me convenci de que revidar não valia a pena.
Sempre acreditei em me deixar levar até que as coisas ruins sumissem, como fazem todas as sensações que tenho. Como todos os sentimentos que crio, como todos os sonhos que desenho.
Todas as vezes que me descontrolei eu assumi as rédeas um pouco depois, com precisão, com força.
Mas eu queria revidar. Eu queria fazer algo de ruim para que parassem.
Eu queria usar as chances que eu tinha. Eu queria ter comprado a arma naquele dia, eu queria ter trancado ela e ateado fogo em seu corpo. Eu queria atirar no rosto daquelas pessoas. Eu queria ter quebrado as garrafas de vidro no ouvido de quem se aproximou demais. Eu queria ter rasgado, com meus dentes, enquanto meu rosto era forçado à coxa daquela pessoa que fedia à cigarro e bebida.
Mas eu sempre absorvi todos os golpes mais fortes.
Mas eu sempre me convenci que revidar não valia a pena.
Até que eu perdi o juízo e parei de funcionar.
Aos poucos, eu reabro os olhos.
Mas como o médico sabia que eu faria essas coisas?
Como o psiquiatra sabia?
Os anti-depressivos mudaram com o tempo,
mas por que esse remédio anti psicótico? Por que esse remédio
anti-surto?
Como eu posso libertar tudo isso?
O que eu faço?
Eu quero chorar, por que é engraçado?
Eu quero chorar, por que é engraçado?
Por que essa sensação é tão familiar?
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