domingo, 10 de agosto de 2014

Fantasmas



Eu ouço as crianças me chamando para dançar na floresta.
Elas batem em minha porta e me descrevem as ranhuras das árvores.
Eu ouço seus risos, vejo suas pálpebras como mariposas dançando sob a luz.

A lua acaricia os cabelos que balançam no vento frio: o sussurrar aumenta.
O crepitar das folhas secas é como um tapete de boas vindas, 
e o cheiro de terra e musgo faz com que eu feche os olhos em regojizo.
Ainda posso vê-las, as crianças, enquanto acenam pra mim.
Mas não há ninguém lá.
Mesmo que eu sinta pequenos dedos acariciando meu rosto,
mesmo que eu aperte a mão que me puxa, num convite às sombras,
eu sei que não há ninguém lá.
Eu sei que esse beijo frio em minha testa não existe.
Eu sei que essas orbes brancas me encarando não vão me deixar partir.

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