segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Lótus
A flor de lótus cresce na escuridão e na lama. Ela só floresce quando o seu haste espinhoso atravessa a superfície lodosa do lago em que vive, mas suas raízes permanecem no lugar onde se originou. A semente pode esperar mais de uma vida para germinar.
Não é triste? Mesmo que suas pétalas sorriam para aqueles que contemplam o lago e seja beijada pelos raios de sol todos os dias, no fundo, ela está sempre agarrada à escuridão. Ela morreria sem a ausência de luz em seu íntimo, morreria se abandonasse o lodo. A flor permanece imaculada embora sob as folhas estão seus espinhos. Ela simboliza a renovação, alguns dizem. Simboliza a vida eterna. Seus frutos, suas pétalas, somem no inverno mas não suas raízes. Ela estará lá enquanto puder.
Talvez como aquelas almas que florescem de tempos em tempos.
E de uma delas eu ouvi a canção da flor de lótus que, por amores à lua e pelo sol, estrangulou-se. Suas pétalas ganharam uma cor mais vívida antes que ela apodrecesse. A cálida luz da lua e o implacável calor do sol apenas observaram aquela declaração silenciosa de amor. Seus frutos foram os mais saborosos daquela estação.
Ela não queria viver para sempre, queria sentir o máximo que pudesse até sua vida cessar.
Quem diria que não morreu feliz?
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