Os cheiros são de sombras.
Ouço o crepitar de pensamentos se modificando.
Sinto a maciez do meu novo leito:
um punhado de plumas brancas com pedaços de algodão envelhecidos.
Cheiro de crisântemos e terra.
Tudo em mim existe.
Mas o meu instinto ainda está aprisionado. Ainda sou uma cadela domesticada.
Ainda estremeço. Ainda retrocedo em passos desconfiados.
Ainda vivo em um canil, mas em meu pescoço há algo novo
que reluz e parece não tocar minha pele.
Parece feito da minha própria carne,
parece mais firme do que todas as outras.
Estou em paz, mesmo ainda aprisionada.
Mas não estou mais moribunda
e minha cauda não balança da mesma forma.
Talvez
eu morda.
Talvez
eu viva.
Talvez esta coleira
me leve ao meu destino.
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