sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Por quê?
Você quis ir sem mim.
Tentei te seguir, mas simplesmente acabou.
Apesar de jurarmos que estaríamos sempre juntos
Apesar de sabermos que era amor
Acabou.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Última dança
Quem vai chorar por mim quando eu me for?
Quem vai me dar a honra da última dança?
Ainda assim, ensaio meus últimos passos
e rodopio sozinha, esquizofrênica.
Não há amor suficiente para mim.
Não há amor suficiente.
Veja, a última música já está tocando!
E eu vou dançar
me pendurar e balançar,
e o ruflar do meu vestido
dirá: é minha última dança
antes que me vá.
Quem vai chorar por mim quando eu me for?
(ninguém)
Estou sozinha no baile.
Canção da Monstrinha
Eu vou devorar sua inocência
como tantos outros fizeram à minha.
Eu vou te fazer me olhar e me amar
enquanto devoro sua vontade de me deixar.
E se você pensar em me magoar..
Sentirá culpa, meu amor
Sentirá culpa. Como todo mundo.
Pois eu sou boazinha demais,
lindinha, não sou?
E você é só uma pessoa equivocada.
Veio procurando amor,
veio procurando carinho,
mas eu estou vazia
vazia de tudo, exceto de vazio.
E eu vou te infectar.
Vou te fazer lamentar
quando eu me tirar de você.
Vou te fazer sentir a minha falta,
vou te fazer ter pena de mim,
e quando você mais precisar
eu não vou estar lá.
Estou muito ocupada
sendo escrava de mim mesma.
Estou me divertindo
cortando as veias do meu coração
e preparando o meu cadafalso.
E eu não me importo...
Porque estou sozinha nesse mundo filho da puta.
E eu não preciso de você.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Ódio?
Ódio por ele? Não… Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto…
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não…não vale a pena…
By Florbela Espanca
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Sombras
Caminhando sobre areia, frágil,
perdida no deserto do esquecimento
Vejo sombras passarem devagar e,
estampado em seus rostos, o sofrimento.
Lágrimas molham minhas mãos,
sangrando, cortadas.
Lágrimas lavam todas as feridas
de mãos desencantadas.
Na areia, caminhando ainda,
tudo que posso fazer é chorar.
Neste deserto, sem fim nem começo,
sem árvores para se enforcar.
Sombras voltam a passar e
tento chamar-lhes, em vão, gritando.
Volto para meus passos solitários:
Mais uma sombra caminhando.
Filosofia
O sangue que move unções
O suor que sustenta gerações
Tudo passa, dizia Heráclito
Mas os dias não se contam nos dedos.
Uma manhã de chuva me arranca sorrisos,
com lágrimas salgadas, nessa manhã
eu faço chover.
E tudo escorre para o Mar das Lamúrias.
E enquanto na rua, um mendigo
grita a plenos pulmões:
"Cospe na boca que te beija!",
Eu faço de carícias vazias meu porto seguro.
Que há em ceder o corpo
às necessidades vis?
Se o choro purifica a alma,
a carne em delírios febris
Arranca a batida de teu coração!...
A mente não cede a nenhum capricho,
quando luta contra a lâmina que desliza no pulso.
E se queres um escudo impenetrável
fica dentro de ti mesmo....
(09.03.07 - 10:59 am)
Desabafo ~
Minha alma é um oceano
de éter pútrido e entorpecente
É dele que meu coração emerge
em sua forma, na dor penitente.
Nos desvarios de um sonho meu
a felicidade é por mim achada
Mas se parte logo depois
nas mãos de um anjo, asas negras emplumadas.
Eu tento traduzir o que sinto
deslizo o lápis pelo papel manchado
Com minha mente em um lugar utópico e
o meu corpo eternamente violado.
Esses risos já não são meus.
A ternura já não me contagia.
Vou fingindo essa doçura, caridade
para o terror nosso de cada dia.
(01.03.07 - 9:40 am)
Ordens
Me mandaram
segurar o que sinto:
só chorar se for preciso
e sorrir, mesmo se minto.
Que direito tenho eu de conter
as lágrimas que me queimam?
Tanto o fiz, já nem sei...
Meus sorrisos, a quantos enganei...
E este sonho que persigo
de segurar-me o sentimento
é como respirar liberdade
num suspiro do confinamento.
segurar o que sinto:
só chorar se for preciso
e sorrir, mesmo se minto.
Que direito tenho eu de conter
as lágrimas que me queimam?
Tanto o fiz, já nem sei...
Meus sorrisos, a quantos enganei...
E este sonho que persigo
de segurar-me o sentimento
é como respirar liberdade
num suspiro do confinamento.
domingo, 23 de outubro de 2011
Mulheres
"Homem,
imperfeito em sua compreensão da Mãe,
nascido em sua Graça,
ciumento de seu Poder,
prende, estupra, escraviza nossas irmãs, nossa Mãe.
Nós, que sentimos a dor,
que conhecemos o sangue do nascimento,
da menstruação e da humilhação,
é que possuímos o poder da vida e da morte.
Nós é que possuímos a Fúria da Mãe.
Sua vontade é a nossa...
QUE O HOMEM ESTREMEÇA!"
-Citação do Livro de Tribo das Fúrias Negras-
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
domingo, 2 de outubro de 2011
Desleixar
Decrépido coração,
que, violentado na infância,
despudoriza-se, em gozo,
em cada rosto intocado.
Meus olhos, já cansados,
são de um vazio já absoluto,
que quando vistos por sentimento bruto,
não passam de olhos alegres de bobo da côrte.
E regojizo-me!
Pois o que pensam já não me importa,
pois o que dizem já não me toca;
Sou eu, sou eu,
Dona da minha verdade
e escrava da minha consciência.
Lady
Em campanários desfolham-se
as flores que houveram em mim.
E seu choro é sino, é sina
de uma alma em tez de jasmim.
De que me valem estes mantos,
caveiras, pretumes e devaneios,
se acabo chorando por amor,
desabando, trêmula, em floreios?
Não! Hei de suportar o que me parte
em poetisa romântica e sílfide!
Se este corpo que me suporta é meretrício;
Se esta boca que vos fala é imundície...
Então acorrenta-me! E cala este
grito que perfura os típanos do inconsciente.
Pois, se choro de alegria ou grito por amor,
É que minha bestialidade foi posta em torpor.
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