terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Esperança

Uma esperança, pequena, caminhando na tela brilhante à minha frente. 
Tudo em volta é escuridão.
Me pergunto se eu devo esmagá-la.
Se vai demorar até ver outra.
Eu a toco, mas não a esmago.
Pesada pra algo tão pequeno. Forte.
(Resista!)

Ela pousa no meu dedo indicador, me assusta, 
volta pra tela de fundo branco 
e continua a desenhar algo sem sentido.
(Acredite!)

Eu a derrubo para a sombra, torcendo para que morra sem que eu saiba.
Mas ela logo volta.
Se aquecendo numa luz falsa, insistindo em se mostrar pra mim.
Ela some, mas é como se estivesse lá. 
Volta.

Por quê?
(Estou aqui, apesar de tudo!)

Com alguma pesquisa, descubro que não é uma esperança, mas uma pequena praga. 
Ainda assim, não quero matá-la.
(Acredite!)

Espalho suas entranhas pela minha mesa com a ponta do lápis, 
separo sua cabeça do corpo e encaro seus olhos espalhados. 
Era dura, não gritou, não acreditou que eu faria.
Eu fiz.
E atirei seus restos no chão empoeirado.

(Silêncio.)

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